sábado, 4 de março de 2017

Ciclos

A cada ano a humanidade passa pelos ciclos que escolheu para marcar a passagem do tempo: Estações do ano, Carnaval, Páscoa, Hanukkah, Hanami, Festas Juninas, Natal, Ano Novo e tantas outras datas. A passagem por tais eventos faz com que fechemos um ciclo e iniciemos outro, com promessas de mudança, tomada de decisões, etc.
No Brasil, costuma-se dizer que o novo ano apenas se inicia após o Carnaval. Quanto tempo desperdiçado com uma vida que fica estagnada por um período, pessoas que realizam seus afazeres sem o compromisso devido porque afinal há o senso comum de que "as coisas" só funcionam após o carnaval.
O que me trouxe hoje para escrever foi a chuva. Sim, a chuva. Estamos em Março, logo após o Carnaval e o dia amanheceu com uma chuva intensa, o que me lembrou a música de Tom Jobim: Águas de Março, que fala sobre as águas de março fechando o verão, traz eventos, acontecimentos do dia-a-dia, pessoas, animais tudo o que interfere direta ou indiretamente na nossa vida. Fala principalmente do fechamento de um ciclo e  de uma "promessa de vida".

Quantas promessas fazemos? Quantas cumprimos?
Realmente estamos dispostos a fechar alguns ciclos na nossa vida?
Estamos dispostos a transformação?
Estamos prontos para ação? Ou a estagnação é a melhor escolha por que já sabemos o que ela nos reserva?
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

sábado, 7 de janeiro de 2017

Sobre acreditar

Em meio a tanta violência, corrupção, falta de amor, falta de solidariedade, desemprego, adoecimento, e tantos outros males é possível acreditar em algo?
Por mais difícil que possa ser, lhe digo que é possível sim acreditar.
Como acreditar? Fazendo o exercício de acreditar. Não nego que acreditando, podemos nos decepcionar, podemos ficar mais pessimistas quando algo que planejamos não dá certo ou quando a pessoa na qual acreditamos nos trai, mas se você deixar de acreditar como irá transformar a vida? Pois quando acreditamos nos colocamos na posição de ir em busca, de promover o acontecimento, criamos uma energia positiva que faz bem não apenas ao espírito, como também ao corpo.
Acreditar é estar disposto a se encantar, surpreender-se, frustrar-se também.
Acreditar é contagiar o outro com o sentimento de felicidade, com esperança, é promover mudança. Quando se deixa de acreditar fica-se na inércia e nela passamos a criar limo e mofo, que ficarão cada vez mais grossos e difíceis de retirar, barrando assim nossa visão e apodrecendo nossas relações, nossa saúde, enfim, nossa vida.
Mas nunca é tarde para recomeçar! Se você está preso ao limo da descrença, não consegue mais acreditar, dê uma chance aos que ainda acreditam e se aproximam de você. Deixe que essas pessoas que acreditam te contagiem com a energia do acreditar. Como disse anteriormente, não é fácil acreditar, mas te digo, com muita propriedade: vale a pena acreditar!
Vamos acreditar que podemos mudar o mundo. Vamos acreditar nas pessoas. Vamos acreditar no potencial transformador de um bom dia ou um fica bem ou um sorriso sincero, e na frase mais transformadora: eu te amo. Pois, é nas pequenas coisas e ações do dia a dia que encontramos a felicidade e transformamos vidas.
Para terminar, deixo o texto de Roque Schneider, do livro o Valor das Pequenas Coisas

O VALOR DAS PEQUENAS COISAS

Em cada indelicadeza, assassino um pouco aqueles que me amam.
Em cada desatenção, não sou nem educado, nem cristão.
Em cada olhar de desprezo, alguém termina magoado.
Em cada gesto de impaciência, dou uma bofetada invisível nos que convivem comigo.
Em cada perdão que eu negue, vai um pedaço do meu egoísmo.
Em cada ressentimento, revelo meu amor-próprio ferido.
Em cada palavra áspera que digo, perdi alguns pontos no céu.
Em cada omissão que pratico, rasgo uma folha do evangelho.
Em cada esmola que eu nego, um pobre se afasta mais triste.
Em cada oração que não faço, eu peco.
Em cada juízo maldoso, meu lado mesquinho se aflora.
Em cada fofoca que faço, eu peco contra o silêncio.
Em cada pranto que enxugo, eu torno alguém mais feliz.
Em cada ato de fé, eu canto um hino à vida.
Em cada sorriso que espalho, eu planto alguma esperança.
Em cada espinho, que finco, machuco algum coração.
Em cada espinho que arranco, alguém beijará minha mão.
Em cada rosa que oferto, os anjos dizem: Amém!