segunda-feira, 25 de abril de 2016

Esperar


Esperar nunca foi a tarefa mais fácil ou agradável para os seres humanos. Ainda mais nos tempos de imediatismo promovido pelo acesso à internet, basta observar a reação das pessoas quando alguém não responde imediatamente a uma mensagem num dos meios de comunicação instantânea existentes atualmente. A ansiedade é enorme (enviou, recebeu, visualizou, por que ainda não respondeu?)
Sendo um pouco saudosista, lembro de quando trocava correspondências com uma prima e uma amiga. Havia toda uma magia na hora de escrever a carta. Eu pensava no que escrever, que desenhos usar pra deixar a carta fofinha e expressar meu carinho. Tinha aquelas pessoas que até perfumavam as cartas. Esperar pela resposta àquela carta envida, trazia uma felicidade enorme quando, finalmente, ela chegava.
Vivemos num nível de ansiedade muito elevado, o que tem nos causado problemas de saúde e nos feito esquecer do valor das pequenas coisas e dos momentos. Mal conseguimos parar e observar o céu à noite, admirar a natureza, nossas crianças crescendo, etc. Cada dia mais estamos mais e mais atarefados e administrando erroneamente o tempo. Estamos esquecendo que esperar faz parte da vida e ficamos extremamente irritados quando algo demora além do tempo que imaginamos que deveria demorar.
A espera, para muitos, é vista como inercia e os pensamentos que surgem são do tipo:
- Estou perdendo meu tempo aqui esperando.
- Se não tivesse que esperar, eu estaria ...
Esperar é torturante. Nossa mente é constantemente bombardeada com informações, com sugestões e até tentar relaxar e se "desligar" do mundo é visto como algo inapropriado, pois dessa forma se perdem as novidades. Como fica a vida "social" nas redes sociais se não estou online, se demoro a responder? 
Que tal aceitar o desafio de parar, "desligar" e esperar por algo? Já pensou em fazer Yoga? Escrever mais que 180 caracteres? Plantar algo? Realizar uma tarefa manual de construção/elaboração de algo? Cozinhar no lugar de usar comidas industrializadas? Escrever uma carta? 
É difícil? Talvez. É impossível? Não! Inicialmente será penoso, requererá esforço, energia, adaptação, mas no final verá o quanto se perde quando se lança no imediatismo e não consegue esperar por certas coisas.
Precisamos ser pacientes, mas não ao ponto de perder o desejo; devemos ser ansiosos, mas não ao ponto de não sabermos esperar.

terça-feira, 5 de abril de 2016

A dor de ser psicóloga II

Quer dizer que psicólogo também perde a paciência? Perde o sono? Perde o apetite? Come demais pra compensar uma tristeza? Etc…
Sim! Tudo isso é verdade e um pouco mais. Porque quando você se depara com a fragilidade da essência humana, após o sujeito criar uma muralha para escondê-la, isso te toca e mexe contigo. Mas psicólogo não deveria saber separar as coisas e ser neutro, não deixar, por exemplo, que o outro o perturbe a ponto de ter que escrever para desabafar? Bem, não somos robôs, somos humanos. É verdade que aprendemos a manter a “suposta” neutralidade e ser imparcial, não sofrer com o problema do outro, mas antes de tudo a pessoa se apresenta antes da profissão.
Você se vê em muitos casos, num dilema moral e em outros lutando pela garantia dos direitos humanos. 
Saber que uma mãe é negligente e maltrata seus filhos, chega a revoltar. Mas quando se apropria da história de vida dessa pessoa, pode acontecer de perceber que durante toda a vida ela sofreu, foi negligenciada e maltratada e não sabe como quebrar esse círculo vicioso - a única forma que conhece é a morte. Isso te faz pensar. Ainda mais quando essa mãe está ameaçada de morte e apenas deseja que mantenham os filhos a salvo (reação que causaria surpresa, pois enquanto genitora sempre manteve uma postura negligente) e ela poderia morrer. Quantos direitos foram negados a essa pessoa, quanto direitos lhe foram roubados…
Conviver com o sofrimento emocional, desafios a própria segurança pessoal, presenciar violência institucional, receber cobranças para uma resolutiva rápida de um caso complexo… Coisas que acabam testando a sanidade mental.
Mas sabe de uma coisa?! É difícil, penoso, trabalhoso, mas ao mesmo tempo prazeroso porque de alguma forma, acabamos fazendo a outra pessoa pensar, nem que seja alguns segundos no que falamos e trabalhamos. E isso já é um passo pra mudança.
Que eu consiga prosseguir e transformar, o mínimo que seja, a vida das pessoas que passam pela minha vida.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Amor

Esta escultura chama-se Amor. Seu criador é o artista ucraniano Alexander Milov. Percebe-se o conflito entre duas pessoas, e também a expressão interior da natureza humana. Dois adultos se dão as costas, mas as crianças interiores procuram se aproximar. Que nossas crianças interiores aproximem - se umas das outras e que o mundo tenha mais PAZ!

domingo, 27 de março de 2016

Dói...

Dói ver uma pessoa que você ama sofrer, dói muito mais quando ela sempre foi exemplo de força e saúde. 
Dói saber que a cada dia essa pessoa partia e você só podia dar o melhor de si para ajudá-lo e dizer o quanto ele era importante e amado.
Dói ver pessoas ao seu redor sofrendo pelo que partiu e dói muito mais ter que esquecer o seu sofrimento e cuidar do sofrimento deles.

sábado, 12 de março de 2016

Autoestima

O que me faz diferente me torna especial! Atualmente, tenho pensado assim. A ditadura imposta pela mídia e por conceitos arcaicos do que é ser mulher, estavam dirimindo minha autoestima.  “O maior inimigo do homem é o homem”, Robert Burton, frase que traduz perfeitamente como podemos no auto sabotar, aniquilando nossa autoestima e trazendo uma percepção errada sobre nós. Eu estava presa a essa armadilha de auto sabotagem, de imposições midiáticas e valores/crenças ultrapassados.
De fato tenho que melhorar, mas tenho conseguido muitos avanços. Minha autoimagem - que era bem distorcida - está mais clara; minha autoconfiança aumentou (agora sei que o que faço é significativo e tenho habilidades para isso e me lanço a desafios maiores); minha autoaceitação está cada vez mais elevada (reconheço minhas qualidades e meus defeitos). Em consequência disso tudo, minha autoestima está cada vez mais elevada.
Parar?! Definitivamente não é a melhor escolha, a vida é movimento e a cada fração de tempo coisas acontecem, mudam, transformam-se. Então, se um dia eu acordar com humor depressivo, é só um dia ruim que pode melhorar se eu me esforçar em fazê-lo mudar, ou mesmo me dar “ao luxo” de ter um dia assim, pois na manhã seguinte verei que a vida sempre reserva a beleza, a felicidade e o amor, basta olhar com as lentes certas. 
Mas, trilho por dias com menos ansiedade, humor depressivo e afins; por dias com mais alegrias, conquistas, amor e afins. Como disse Carl Rogers,  “Quando me aceito como sou, posso então mudar”.

quarta-feira, 9 de março de 2016

“Curioso Paradoxo: Só quando me aceito como sou, posso então mudar” Carl Rogers.

Conexões

Estar conectado com uma pessoa é algo estranho. Até parece que em alguns momentos você sabe exatamente o que ela pensa e sente. 
Há momentos que o peito aperta, bate uma saudade, uma angústia, uma necessidade de entender o que se passa, mas não há explicações possíveis nesses momentos. Algumas vezes até parece que sua energia foi sugada, mas é a conexão formada entre as duas pessoas avisando que algo não vai bem. Depois se descobre que a outra pessoa não estava bem e tudo fica claro.
Essas conexões me deixam mal, mas sei que são necessárias e não quero perdê-las. Quero que elas se aprimorem para que eu sinta quando a pessoa está feliz e eu possa ser feliz junto.

quarta-feira, 2 de março de 2016

A dor de ser psicóloga

Sentir dor é algo inerente ao ser humano, seja ela física, moral ou psicológica. Das três, em minha
opinião, a que causa maior estrago é a dor psicológica. Não, não digo isso apenas porque sou psicóloga, não, não mesmo. Tenho a ciência e sou habilitada a cuidar dessa dor, mas sei que ela é dilacerante porque, como humana também já sofri dores psicológicas e entendo perfeitamente o quanto esse tipo de dor te paralisa.
A dor psicológica faz com que se sofra independentemente de quanto tempo já tenha passado desde o fato que a desencadeou e do que digam sobre ela. A dor, o sofrimento psíquico se instalam no tempo psicológico que é diferente do tempo cronológico. Dessa forma, falar sobre ela após anos pode ser tão doloroso como foi quando ela se instaurou se ainda não se conseguiu eliminá-la.
Diante da dor muitos soldados caem, mas com medicamentos ela é cessada. Para mim, a forma de cessar a dor psicológica é através da fala. É um processo longo e sofrido se livrar dessa dor psicológica, mas enquanto não se enfrenta seus fantasmas, seus traumas não há cura. Os medicamentos nesse caso ajudam um pouco, mas se se acostumou com o sofrimento, largá-lo é uma difícil tarefa, pois as pessoas passam a acreditar que merecem sofrer.
A pior parte do trabalho de ser psicóloga é quando ocorre uma coisa chamada contratransferência. A contratransferência é um conceito da teoria psicanalítica que reflete as emoções que o terapeuta experimenta no decorrer de uma análise, em relação ao paciente, e que são relacionadas com circunstâncias sentidas na sua própria vida, que o afetaram consciente e inconscientemente. Entender esse fenômeno que é a contratransferência e não se deixar afetar a ponto de comprometer a psicoterapia é um árduo trabalho, por isso nós também precisamos de apoio psicológico.
E a dor pior que já experimentei é me deparar com uma pessoa em intenso sofrimento psíquico e não poder fazer muito por ela. Sinto-me como um paliativo, como um placebo (medicações falsas). Dói saber que o outro sofre, dói sentir a dor do outro, dói não poder fazer algo mágico que faça a dor do outro desaparecer num piscar de olhos. Mas essa foi a profissão que escolhi, afetar e ser afetada pelas pessoas e no meio dessa afetação transformar vidas e me refazer a cada contato com o humano. '

terça-feira, 1 de março de 2016

Perguntas


De onde viemos? Para onde vamos? Qual o sentido da vida? Qual o por quê da morte? Por que existem doenças, guerras, fome, miséria, seca, enchente, catástrofes naturais, etc?
São tantos questionamentos!
Mas são eles que tornam a vida interessante, sem eles nunca nos aventuraríamos no desconhecido para buscar entendê-lo. Sem perguntas a vida para. Já há cientistas supondo que as próximas gerações terão um QI menor que o nosso e com tendencia a decair a cada geração, tudo porque a ciência vem resolvendo diversas perguntas e tornando a vida mais fácil para os seres terrestres denominados Homo Sapiens Sapiens. O acesso à informação e a inercia da mente fazem com que paremos de pensar e explorar, pois tudo já está ali.
Daí a importância de viver, de buscar, de ser curioso, de explorar.
Será que ficaremos menos inteligentes? Não sei, mas acho que se isso acontecer surgirão pessoas que não conformadas com o que têm buscarão novas perguntas e assim a busca pelo conhecimento será alimentada novamente.
Gosto de pensar no poeta quando diz que há mais mistérios entre o céu e a Terra que não supõe nossa vã filosofia. 
Será que um dia os seres intergalácticos poderão conviver pacificamente conosco? Será que nosso planeta suportará nossos mal tratos até lá? Será que estou no “mundo da lua”?
Nada mais prazeroso que se perder nas divagações do pensamento.

Humanos

A nossa arrogância nos faz pensar que somos algo que não somos. Criamos imagens que não correspondem ao nosso Eu verdadeiro, e com elas cometemos inúmeras atrocidades, sempre nos esquecendo que não passamos de humanos, que erram, falham. Nos esquecemos que os outros também são semelhantes a nós. Nossa condição humana é tão pequena e fraca que deveríamos aceitá-la e nos juntarmos aos demais de nossa espécie para assim, talvez, nos tornarmos mais fortes.

Sonhe

Não deixe que o nada, o vazio, tome conta de você. SONHE!

Fases

Somos como a Lua, a cada fase nos mostramos mais aparente ou mais obscuros